quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

PROFESSOR DOMINGOS PASCHOAL CEGALLA.

L&PM: Quais são as dúvidas mais antigas e, ao mesmo tempo atuais, sobre a língua portuguesa?
CEGALLA: Um dos erros mais frequentes no uso da língua portuguesa no Brasil é o emprego do pronome pessoal lhe em vez de o (ou a) para complementar verbos transitivos diretos. Assim é que se ouve ou se lê frequentemente: eu lhe vi entrar em casa. / Deus lhe abençoe. / Presentearam-lhe com um colar de pérolas. / A grandiosidade do cenário lhes impressionou vivamente.
O uso impróprio do pronome lhe e do verbo haver, por parte do poeta Fagundes Varela, foi o estopim que deflagrou a célebre polêmica entre o romancista português Camilo Castelo Branco e o escritor brasileiro Carlos de Laet, em meados do século 19, o século das polêmicas.
 
 
No século 20, começaram as freiadas (opa! freadas, sem o i), hoje mais freqüentes e mais bruscas do que nunca, devido ao impressionante aumento de carros nas ruas e nas estradas. E o governo, em vez de freiar (epa! frear, sem i), a onda veicular, a incentiva e aplaude.
 
Omitir a preposição antes do pronome relativo que, quando o verbo a exige, revela um conhecimento medíocre da língua portuguesa.
 
São antigas e freqüentes construções como estas:
Esta é a situação dramática que chegamos.


São tantas as coisas que dependemos!
que não se pode prescindir numa casa é de amor e paz.
 

É nobre o ideal que vocês lutam.

Como atestam as construções que seguem:


Os dois irmãos parecem que não se entendem.
São fatos esses que não adiantam escamotear.
No temporal de ontem caiu árvores e postes.
Trata-se de problemas que não cabem a mim solucionar.


 
 
 


 
 
 
 

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